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Cuiabá, 12 de Maio de 2024
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09 de Março de 2012, 08h:43 - A | A

OPINIÃO / GABRIEL NOVIS NEVES

Depressão profunda

GABRIEL NOVIS NEVES



Tenho um amigo que é corintiano roxo. Todas às vezes que o seu time vence, imediatamente recebo dele um email com os seguintes dizeres: “depressão profunda.”

Vou ao texto da matéria e encontro apenas anotado o resultado do jogo.

Depressão profunda, nesse caso, quer dizer: alegria, contentamento, satisfação, felicidade e, lógico, uma forte ironia.

A ironia é uma forma de comunicação, geralmente instrumento de gente inteligente. Não é ofensiva, somente irritante para quem a ironia é dirigida.

O remédio para enfrentar essas situações com alto astral é não se esquecer que o bom cabrito não berra.

Acabei de ler a entrevista do novo presidente do tribunal de Justiça de São Paulo na revista Veja.

Entrei em depressão profunda - não no sentido irônico do meu amigo - por ver dissecado, por uma autoridade, o que é o Brasil.

A matéria deixa transparecer a sua idolatria pelos felizardos brasileiros de primeira classe, minoria neste país. Vivemos em uma nação produtora de milionários felizardos, muitos por causas desconhecidas.

Enquanto isso, o trabalhador brasileiro - que sustenta com o seu esforço as castas do poder e ainda dá um duro tremendo para sobreviver:

- sai de casa de madrugada para trabalhar,

- enfrenta uma viagem de trem feito sardinha, bate ponto, descansa após o almoço em horário determinado pelo ministério do Trabalho no chão da obra,

- tem direito apenas a um período de férias por ano, cujo salário é determinado pelo governo federal, e aprovado pelo submisso Congresso Nacional.

Então, quando eu leio a dita entrevista, aí, nesse momento vem a depressão profunda, verdadeira e revoltante.

É declarado na entrevista o salário cheio de algumas categorias funcionais, sendo todas legais; adiantamento de vencimentos para compra de apartamentos, auxílios de fazer inveja às entidades filantrópicas, e duas férias anuais, sendo uma sempre vendida, por necessidade de serviço.

Longe de eu pensar que o novo presidente do Tribunal de Justiça não tem razão ou está na ilegalidade.

Conceitos emitidos na matéria é que não acho justo, para com a maioria dos brasileiros responsáveis por todos esses pagamentos.

O juiz não pode fumar maconha, disse o presidente do tribunal. Correto. O médico pode fumar?

Comparado o salário total de um magistrado de São Paulo, é pouco comparado com os salários da iniciativa privada, justifica o presidente do Tribunal.

Correto.

Na empresa privada, trabalha-se muito, há necessidade de qualificação e resultados. Do contrário, o executivo, mesmo com currículo fantástico, é demitido ou a empresa vai à falência.

No serviço público, tanto fez quanto tanto faz. No final do mês o holerite chega no dia combinado.

Viver em um país com tantas desigualdades sociais, onde a maioria dos Estados e Municípios está quebrada financeiramente; com salário de um professor do ensino fundamental em alguns Estados, corresponder à metade do salário mínimo; servidores públicos menos útil ao Brasil com salários oficiais de 600 mil reais - dá uma depressão profunda.

 

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