G1
A pandemia mudou o cenário de criação de vagas no país. Se em 2018 e 2019 o saldo positivo de vagas formais era restrito às faixas salariais de até dois salários mínimos, em 2020, até o mês de maio, esses foram os patamares de salário com maior fechamento de postos de trabalho.
Os dados são do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), enviados pela Secretaria Especial de Previdência e Trabalho a pedido do G1.
No acumulado de 2020, do total de 1,145 milhão de vagas fechadas, mais da metade foi na faixa salarial de 1,01 a 1,5 salário mínimo - um total de 635,1 mil postos de trabalho fechados. Essa faixa liderou o saldo de vagas criadas em 2018 e 2019.
Já na faixa de 1,51 a 2 salários mínimos, foram 229,3 mil postos fechados até maio deste ano. Essas duas faixas corresponderam a 75,5% do total de vagas fechadas no ano.
No caso da renda de 0,51 a 1,0 salário mínimo, que ficou na vice-liderança de criação de vagas em 2018 e 2019, foram fechadas mais de 45 mil vagas.
A única faixa salarial com saldo positivo de vagas neste ano foi a de até meio salário mínimo: 24,2 mil vagas criadas.
Setores e cargos com maior demanda
A pandemia também mudou o ranking de ocupações que mais criaram vagas com carteira assinada nos primeiros meses de 2020. A predominância foi nas áreas de saúde, educação e agricultura.
As medidas de restrição e isolamento social para reduzir a velocidade do avanço da doença provocaram a suspensão do funcionamento de serviços considerados não essenciais, o fechamento de boa parte do comércio e também de fábricas.
Em janeiro, técnico de enfermagem e enfermeiro não apareciam entre os 30 cargos com maior saldo de vagas. No acumulado até maio, entretanto, ambos lideraram a lista de cargos, sendo responsáveis pela criação de quase 45 mil vagas (veja relação abaixo). Esse cenário tem relação com a demanda de profissionais para o tratamento da Covid-19.
Já no ranking de ocupações que mais perderam vagas, vendedor de comércio varejista lidera, com 180.258 postos de trabalho fechados até maio. O quadro também tem relação com a pandemia, que levou ao fechamento de estabelecimentos. Em janeiro, o cargo também liderou o fechamento, com 28,8 mil vagas a menos. Entretanto, essa redução foi motivada principalmente pelo término de contratos temporários para as vendas de Natal.
Outras ocupações que fecharam vagas até maio, que têm relação com o encerramento de atividades devido à pandemia, são atendente de lanchonete, auxiliar de escritório, operador de caixa, cozinheiro geral e garçom.
O comércio e serviços foram os setores que mais fecharam vagas até maio, o que explica o ranking de cargos com maior perda de postos. O setor agropecuário foi o único que registrou saldo positivo de vagas.
Ranking de ocupações que mais perderam vagas:
Vendedor de Comércio Varejista: -180.258
Atendente de Lanchonete: -45.170
Auxiliar de Escritório, em Geral: -42.775
Operador de Caixa: -40.682
Cozinheiro Geral: -38.963
Garçom: -34.171
Auxiliar nos Serviços de Alimentação: -33.774
Assistente Administrativo: -33.675
Trabalhador da Cultura de Cana-de-Açúcar: -30.985
Recepcionista, em Geral: -23.385
Faxineiro: -22.918
Atendente de Lojas e Mercados: -22.401
Almoxarife: -21.165
Trabalhador no Cultivo de Arvores Frutíferas: -17.496
Camareiro de Hotel: -16.962
Frentista: -16.046
Promotor de Vendas: -15.395
Alimentador de Linha de Produção: -14.960
Supervisor Administrativo: -14.815
Costureiro na Confecção em Série: -12.190
Ajudante de Motorista: -12.120
Assistente de Vendas: -10.415
Operador de Telemarketing Ativo e Receptivo: -10.233
Motorista de Ônibus Rodoviário: -9.851
Gerente Administrativo: -9.605
Costureiro, a Máquina na Confecção em Série: -9.460
Pedreiro: -9.458
Motorista de Ônibus Urbano: -9.279
Trabalhador Polivalente da Confecção de Calçados: -9.100
Vendedor em Comércio Atacadista: -9.068
Menos escolarizados são mais afetados
O maior fechamento de vagas se deu entre níveis de escolaridade mais baixos, com exceção dos analfabetos, que foram os menos afetados. Lideram no saldo negativo de vagas os profissionais com nível médio completo, seguidos de quem tem fundamental incompleto e completo. Além dos analfabetos, o desemprego afetou menos os profissionais de nível superior.