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Cuiabá, 13 de Maio de 2024
13 de Maio de 2024

06 de Setembro de 2012, 14h:08 - A | A

NACIONAL / MAIOR CONCORRÊNCIA

Bancas apostam em inovação

Consumidores desses estabelecimentos têm a maioria dos produtos ofertada pela internet, donos então, incrementam o negócio para conquistar e fidelizar a clientela com mais produtos e serviços

A GAZETA



Competir com a internet parece “injusto”. Facilidade de acesso, velocidade e custo são características cada vez mais difíceis de serem superadas. “Você não precisa sair de casa para comprar”, diz Laura Patrícia de Oliveira Bezerra, 33, cliente a ser reconquistada. Para convencer o consumidor a deixar de lado o click do mouse para folhear uma revista ou jornal, bancas estão diversificando a oferta de produtos e serviços. Numa delas, instalada em frente a duas agências bancárias, Deusdete Costa e Silva, pretendia abrir uma lanchonete, mas o alvará não foi liberado pela prefeitura.

Sem arrependimentos, há 1 ano a comerciante investiu na comercialização de publicações, que representam hoje 70% do faturamento, sobretudo as relacionadas à saúde, beleza, “fofoca” e para o público infantil. O restante do lucro vem da recarga de celular, do serviço de cópia e da venda de sucos, café expresso, bebidas geladas, balas e até material escolar. Para ganhar novos clientes, o investimento em equipamentos foi de aproximadamente R$ 15 mil.

Jaudemirson de Moares, 38, é um deles. Não tem o hábito de comprar revistas e nem é adepto da internet. Como tem assinatura de jornal, o inspetor de escola visita a banca sempre em busca de crédito para o celular.

Mesmo serviço procurado por Edilson Aparecido dos Santos, 27, que aproveita para amenizar o calor comprando águas e refrigerantes na banca. O pedreiro já gasta com revistas e jornais nas rodoviárias quando quer se distrair nas viagens. Mas, na maioria da vezes, a internet substitui as publicações impressas.

Professora do Departamento de Administração da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Maria Eunice Gonçalves, 61, é uma exceção. “Acho que eu sou de uma geração que não vai se acostumar com a leitura digital”. Para ela, a banca de revista perto de casa se tornou um espaço de cultura e lazer, que rendeu até uma amizade com a proprietária. Há 20 anos, Renyr Maria Pinto Godoy é proprietária de um banca e garante que hoje não dá mais para sobreviver vendendo apenas revistas e gibis. O complemento do caixa vem justamente dos 20% que recebe da venda de apostilas para concursos públicos, 3,5% dos créditos para celular e R$ 1 de cada cartão de telefone público (orelhão).

Transformação de bancas em conveniências é realidade em todo o país, aponta uma pesquisa da empresa Trade Marketing Know How (ToolBoxTM), uma consultoria especializada em PDV (ponto de venda). O levantamento, realizado nas principais capitais das 5 regiões, dentre elas Cuiabá, revelou o perfil de negócio das bancas de jornal no país. A pesquisa foi realizada em 4 amostragens (julho e novembro de 2009 e março e julho de 2010) e visitou 3,352 mil estabelecimentos.

Conforme o estudo, 68% das bancas comercializam gomas e confeitos e 52% bebidas refrigeradas; e o serviço de fotocópia é oferecido em 12% delas. De acordo com o diretor de desenvolvimento da ToolBoxTM, Luiz Sedeh, todos esses produtos agregam muito valor ao ponto de venda.

Funcionário de uma banca localizada no centro da Capital, Rubens Cláudio Araújo de Souza, conta que balas e chicletes começaram a ser oferecidos no local para facilitar o troco para os clientes. O estabelecimento vende doces e, principalmente, bebidas geladas, que provocaram um considerável aumento no faturamento com o maior consumo durante o período de estiagem. Ainda assim, 90% da comercialização é de revistas e jornais.

Algumas edições de revistas são reservadas para fidelizar o cliente”. Entretanto, para Souza, a longo prazo a internet pode acabar com o segmento. “As próprias editoras disponibilizam o material impresso nos seus sites”.

Com 43 anos de experiência no setor, Severino Almeida confirma a “luta” pela sobrevivência. Na banca do comerciante o consumidor vai encontrar somente publicações. A falta de espaço e a insegurança para realizar investimentos são as maiores dificuldades do empresário, que ainda “trava” uma batalha judicial desde 1998 para não ser retirado da praça onde está instalado.

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