G1/RJ
Policiais da Divisão de Homicídios do RJ que investigam a morte do pastor Anderson do Carmo cumpriram nesta terça-feira (17) quatro mandados de busca e apreensão em endereços ligados à deputada federal Flordelis (PSD).
As equipes apreenderam celulares de Flordelis e de duas netas dela: Lorrayne e Rayane. Ainda foram retidos computadores e tablets, além de documentos.
Dois dos filhos do casal estão presos pelo assassinato. A polícia ainda apura a motivação para o homicídio.
A suspeita é que Anderson foi morto por motivos financeiros e desavenças sobre a gestão patrimonial da família.
Onde as equipes estiveram
- Local do crime, em Niterói;
- Casa em Jacarepaguá, na Freguesia;
- Gabinete no Centro do Rio, na Rua 1º de Março;
- Apartamento funcional em Brasília, na Asa Norte.
O advogado Fabiano Migueis, que defende Flordelis, disse ao G1 que a operação já era prevista, tendo em vista a abertura do segundo inquérito para investigar a deputada.
A assessoria de Flordelis afirmou que "a operação é um ato da investigação policial e, como tal, não precisa ser comentado pela deputada".
Filhos são réus
Há um mês, dois filhos do casal se tornaram réus. O Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro aceitou denúncia do Ministério Público do Rio contra Lucas de Souza e Flávio Rodrigues pelo assassinato do pastor.
Flávio é filho biológico de Flordelis. Lucas foi adotado. Eles terão que aguardar o julgamento em regime fechado.
De acordo com a denúncia do MP, Flávio vai responder por porte ilegal de arma de fogo. A acusação diz que foi ele quem atirou no pastor. Já o irmão teria sido seu cúmplice ao comprar a arma do crime.
Os dois são acusados de homicídio triplamente qualificado (por motivo torpe, meio cruel e impossibilidade de defesa da vítima), com pena prevista de 12 a 30 anos.
A DH espera fazer no próximo sábado (21) a reprodução simulada do crime. Na semana passada, investigadores da Delegacia de Homicídios de Niterói e São Gonçalo estiveram no local do crime e intimaram dez pessoas.
Flordelis foi notificada posteriormente.
O objetivo da reconstituição, além de eliminar contradições, é descobrir se uma terceira pessoa participou do assassinato.
Caso chova, a simulação será adiada.
Investigação é do RJ, diz STF
Na volta do recesso do Supremo Tribunal Federal, dia 1º de agosto, o ministro Luís Roberto Barroso decidiu que o caso não tem relação com o mandato da parlamentar. Por isso, determinou a retomada da investigação no Rio de Janeiro.
Troca de acusações
No fim de agosto, Wagner Andrade Pimenta, conhecido como Misael, disse à polícia que a mãe adotiva foi a mentora intelectual do assassinato.
Misael afirmou que Flordelis manipulou os filhos até encontrar um que tivesse coragem para matar o pai adotivo.
Outros três filhos adotivos também prestaram depoimento e implicaram a mãe.
A defesa de Flordelis negou.
"É muito sórdido tudo isso que o Misael tem feito com ela. Difícil de entender. O que ela percebe no Misael é uma ambição imensurável. Situação que ela começou a notar quando ele quis atropelar o projeto político do grupo e ser candidato a deputado estadual na eleição passada", dizia a nota divulgada pela assessoria da deputada.
Para Flordelis, o atual vereador não gostou de ser preterido pela família. Segundo a nota, houve uma briga entre Misael e o pastor Anderson para decidir quem seria o candidato à Prefeitura de São Gonçalo nas eleições de 2020.
Trama começou em outubro de 2018
A TV Globo obteve o relatório final da Polícia Civil sobre o assassinato do pastor Anderson do Carmo. O documento mostra que há indícios de que a complexa trama familiar tenha sido iniciada em outubro de 2018.
Carlos também teria alertado o pastor sobre uma mensagem que viu no celular de Flordelis na qual a deputada dizia a Lucas dos Santos que bastava entrar no quarto e executar o serviço.
A suspeita de que o pastor vinha sendo envenenado também é investigada pela Delegacia de Homicídios de Niterói. Ele tomava remédio frequentemente e sem conhecimento, segundo depoimento de outra filha adotiva de Flordelis, Roberta dos Santos.