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Cuiabá, 12 de Maio de 2024
12 de Maio de 2024

25 de Abril de 2019, 08h:46 - A | A

OPINIÃO / VICENTE VUOLO

Ponte: da paralisação à obra prima

O governo teimava em não continuar a uma obra que já estava 70% concluída



A história da construção da ponte rodoferroviária sobre o rio Paraná não se resume apenas à luta do senador Vuolo pela aprovação no Congresso Nacional, à sanção do Presidente Geisel e à elaboração do projeto construtivo, elaborado pela Empresa Brasileira de Planejamento de Transportes (GEIPOT).

Era preciso convencer o novo governador de São Paulo Orestes Quércia a começar a obra, como parte do convênio celebrado nos Ministério dos Transportes onde cada qual - União e o Governo de São Paulo – arcariam com 50% cada. Para isso, Vuolo organizou uma tripla mobilização envolvendo os prefeitos da Associação dos Municípios do Oeste Paulista (AMOP), composta por 35 municípios, os prefeitos da região Bolsão do Mato Grosso do Sul e os da região centro-sul de Mato Grosso para uma audiência no Palácio dos Bandeirantes. No dia do encontro, Vuolo levou consigo o aparte que o então senador Quércia deu ao Senador Vuolo, em 1981, no plenário do Senado Federal: “...quero reiterar, portanto, neste aparte, a solidariedade, a nossa adesão total e completa a essa reivindicação, salientando que é uma reivindicação de toda a região oeste”.

No discurso no salão nobre do Palácio dos Bandeirantes, Vuolo perguntou se o governador Quércia iria honrar o compromisso assumido, quando ambos eram senadores, tendo como testemunha, o deputado Ulysses Guimarães, o Vice-Governador de Mato Grosso Edson Freitas, os deputados paulistas Edinho Araújo e Roberto Rollemberg. A resposta do governador Quércia foi forte e positiva para o delírio das lideranças políticas de toda uma região: “...o Governo de São Paulo se coloca à disposição para concorrer com a metade da ponte rodoferroviária. Reitero o apoio irrestrito à campanha de Vossa Excelência, que é uma campanha nossa, também, de muito interesse do Estado de São Paulo”. Quércia lançou a pedra fundamental da construção da ponte rodoferroviária sobre o rio Paraná de 3.600 metros, em 1989.  A obra teve a continuidade ininterrupta no governo Luiz Antônio Fleury Filho.

Mas, para a surpresa de todos, em 1995, o Ministro do Planejamento do Governo Fernando Henrique Cardoso, José Serra, determinou a suspensão do repasse dos recursos para o término da ponte. E as obras ficaram paralisadas por dois anos. A atitude do governo federal deu início a uma intensa mobilização de Vuolo pela retomada das obras. 

A primeira tentativa foi com o ministro dos Transportes Odacyr Klein, que contou com a presença de várias lideranças políticas, dentre as quais, o senador Jonas Pinheiro, os deputados Roberto França e Edinho Araújo, e o empresário Olacyr de Moraes.

Nem mesmo, a visita junto com os governadores de São Paulo, Mário Covas, do Mato Grosso do Sul, Wilson Martins, e do governador de Mato Grosso, Dante de Oliveira, no local da construção da ponte, conseguiu sensibilizar o governo federal a retomar a obra.

Vuolo, então, se reuniu com o presidente Fernando Henrique Cardoso, acompanhado do fiel companheiro paulista, deputado Edinho Araújo e prefeitos da região.

Foi formada então, uma Comissão Mista do Congresso Nacional, formada pelos Senadores Ramez Tebet, Carlos Bezerra, Romeu Tuma, e dos deputados Edinho Araújo, Michel Temer e Moreira Franco para vistoriar a obra e dar parecer sobre o projeto. O senador Vuolo foi o convidado de honra.

Mesmo com parecer favorável da Comissão, os inúmeros protestos, como realizado no local da obra com o panfleto “Esta ponte não pode parar” e incansáveis tentativas, o governo teimava em não dar seguimento a uma obra que já estava 70% concluída. Foi, então, que Vuolo lançou um manifesto em janeiro de 1997, intitulado “Paralisar a Ponte é Crime Doloso”, que ganhou grande repercussão em Brasília, ao ser lido no Plenário da Câmara dos Deputados pelo deputado mato-grossense, Gilney Viana. Logo após, encurralado, o governo federal resolveu cumprir o estabelecido no convênio firmado entre a União e o governo de São Paulo, liberando os recursos necessários ao término daquela que, uma vez concluída, se transformou numa verdadeira obra-prima de 3.600 metros (na parte de cima é a pista da rodovia e na de baixo passam os trilhos da ferrovia).

Na solenidade de reinício das obras nas barrancas do rio Paraná, com cerca de 5 mil pessoas, o senador Vuolo não pode comparecer, devido a problemas de saúde.

Eu, na qualidade de vereador de Cuiabá, representei o meu pai, ao lado de Mário Covas, José Serra, Odacyr Klein e Olacyr de Moraes. No meu discurso, eu fiz questão de enaltecer a participação de todos os brasileiros nessa luta. E destacar, que vale a pena fazer uma política honesta nesse país. Valeu a pena!

VICENTE VUOLO é economista e cientista político. 

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