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Cuiabá, 14 de Maio de 2024
14 de Maio de 2024

29 de Outubro de 2010, 09h:03 - A | A

POLÍCIA /

Hospital Júlio Müller joga esgoto sem tratamento no rio Cuiabá

A Gazeta



Caroline Rodrigues
Da Redação

O Hospital Universitário Júlio Müller (HUJM) corre risco de explosão devido a falta de manutenção das caldeiras e joga o esgoto do prédio sem tratamento no rio Cuiabá há 10 anos. O descarte irregular causa a proliferação de microorganismos, que podem gerar uma epidemia por doenças infecto-contagiosas, como cólera e hepatite B, na baixada cuiabana.

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A estação de tratamento, que foi uma inovação entre os hospitais da Capital na época da inauguração, funcionou por cerca de 2 anos. Em seguida, parou pela falta de reparos, sendo que ladrões levaram os tubos, que eram de cobre, há 4 anos, o que inviabilizou definitivamente a retomada do serviço.

A unidade de saúde faz cerca de 30 mil atendimento mês e não tem alvará da Vigilância Sanitária porque o tratamento do esgoto é uma das exigências para conseguir o documento.

Conforme relatório do superintendente do hospital, Elias Nogueira, são necessários R$ 660 mil para reforma da estação e não existe perspectiva de recursos para a obra. Os resíduos produzidos por pacientes do hospital e pelo uso das pias nos laboratórios e demais dependências são descartados na rede de captação do município, que leva o material até o rio. No meio do caminho, o esgoto junta-se com material doméstico, pois em Cuiabá, apenas 28% do esgoto produzido é tratado.

O fisioterapeuta Ricardo Lisita, do Sindicato dos Trabalhadores da Universidade Federal de Mato Grosso (Sintuf), explica que as condições são críticas e a estação de tratamento era uma das reivindicações dos servidores da instituição durante a greve deflagrada em outubro deste ano.

Os funcionários pediam a melhoria da infraestrutura do hospital e voltaram antes de serem atendidos. Entre as exigências, estava o tratamento do esgoto, a troca da caldeira e a manutenção das paredes, repletas de infiltrações, bem como a contratação de novos funcionários.

Caldeiras - As caldeiras do hospital correm risco de explosão. A fiação elétrica está exposta e deixa visível a situação de calamidade do equipamento, que não tem previsão de troca e é essencial para as atividades da instituição. As máquinas fornecem água quente para a esterilização das roupas e utensílios, além de atender a cozinha e o banheiro dos pacientes.

A falta de manutenção deixou a caldeira sem conserto. Ela está coberta por ferrugem e os funcionários usam câmaras de pneu para reduzir os vazamentos da tubulação, que está em situação precária e já causou infiltrações que comprometem ambientes inteiros como a sala de repouso dos nutricionistas, que precisou ser desativada por causa da condição insalubre.

Os profissionais foram remanejados para um quarto, onde estavam instalados alguns leitos e os pacientes precisaram ser ajustados em outras enfermaria, que já estavam lotadas.

Lisita explica que os nutricionistas conseguiam sentir a parede quente pelo vapor que saia do cano, que corta o hospital e está cheio de furos.

A troca das caldeiras está orçada em R$ 240 mil, mas não há dinheiro nos cofres da instituição para investir.

Centro de Nefrologia - A obra para a construção de um centro de nefrologia está parada. O superintendente do hospital explica que a o local tem capacidade para atender 180 pessoas na hemodiálise por dia e vai suprir toda demanda do Sistema Único de Saúde (SUS), que precisa conveniar o serviço em hospitais particulares.

A construção do prédio, compra dos equipamentos, mobília e cursos de capacitação foram orçados em R$ 5 milhões e segundo a placa de obra, colocada em 2007, seriam entregues em julho de 2008, o que não aconteceu.

Nogueira diz que tem todos os documentos e não sabe porque o recurso foi suspenso. Ele espera ajuda dos deputados estaduais para concluir o investimento.

Prédio - A representante do Sintuf, Ana Bernadete, explica que dentro do hospital há muitas infiltrações. Alguns locais, como o almoxarifado, que guarda os equipamentos é extremamente úmido. Os servidores ficam revoltados com a situação, já que máquinas são perdidas sem nem sequer serem utilizadas.

As portas de madeira estão destruídas na entrada de alguns setores e a cozinha recebeu reparos após a greve dos servidores, mas as obras foram insuficientes. Os equipamentos são velhos e chegam a comprometer as condições sanitárias.

O sindicato também pede a contratação de profissionais. Muitos estão em regime precário, já que o hospital tem 500 servidores, dos quais apenas 250 são concursados.

O restante é cedido pelo governo estadual e municipal. Como são contratados em regimes diferentes, existe uma diferença salarial de aproximadamente 50% em relação aos que são efetivos da união. A redução também está no valor da hora extra e benefícios, apesar de desempenharem a mesma função.

CPI da Saúde- O deputado Sérgio Ricardo (PR), presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Saúde, acompanhado do relator da CPI, Wallace Guimarães (PMDB), estiveram ontem no HUJM para fazer uma vistoria e verificar as condições da unidade de saúde. Ele disse que a prioridade é manter as portas do hospital abertas e para que isto aconteça, o sistema de esgoto e as caldeiras precisam ser trocadas com urgência.

Ele afirma que vai solicitar a Vigilância Sanitária uma análise do esgoto coletado no hospital para saber quais microorganismos estão sendo levados para o rio e podem causar prejuízos para a saúde da população.

O deputado, que é presidente da CPI, destaca que a água retirada para o abastecimento de água da cidade também vem do rio, o que torna a situação ainda mais grave.

Caso não haja o tratamento correto, os microorganismos podem chegar as casas. Outro problema são as comunidades ribeirinhas, que costumam usar a água do leito para todas as atividades domésticas, inclusive beber.

A expectativa dos parlamentares e viabilizar recursos junto aos governos do Estado e município para fazer os investimentos. Na semana que vem a CPI da Saúde vai vistoriar o Hospital Psiquiátrico Adauto Botelho.

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