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Cuiabá, 13 de Maio de 2024
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17 de Dezembro de 2011, 07h:33 - A | A

OPINIÃO / LAWREMBERG ADVÍNCULA

Espetacularização do telejornalismo

LAWREMBERG ADVÍNCULA



Que a televisão sempre causou fascinação em boa parte da população, isso é fato. Entretanto, o que motiva a redação deste artigo é a crescente espetacularização dos espaços dedicados antes integral ou majoritariamente à notícia, mas que hoje adquiriram o status de blockbuster telejornalístico, ao privilegiar o melodrama como linguagem em detrimento da pragmática e da retórica noticiosa.


Recentemente presenciamos a troca de comando do Jornal Nacional, da rede Globo, o que foi assunto nas redes sociais (twitter e facebook) e, principalmente, teve destaque em alguns tablóides jornalísticos e outros destinados aos gêneros de entretenimento e fofoca.


Curiosamente a troca de ancoras, caracterizada pela saída da jornalista Fátima Bernardes e a entrada de sua colega Patrícia Poeta, ambas consideradas jornalistas consagradas e celebridades, demarcou historicamente o atual estado do telejornalismo brasileiro: o de espetacularização.


Mais que o comunicado de uma mudança de apresentadores no principal telejornal brasileiro, a cobertura jornalística por trás da substituição das ancoras do JORNAL NACIONAL acusa um tipo de jornalismo onde a informação foi substituída pelo show, subvertendo a lógica clássica da notícia que é de informar.


No novo tipo de jornalismo, que também posso chamar de showrnalismo, privilegia-se a exaltação dos jornalistas como figuras midiáticas de uma grande indústria de entretenimento e como fator de mediocridade aos públicos telespectadores.


A análise inteligente e cerceada de um olhar com profundidade diante dos fatos, a postura versátil e póstuma na relação com os telespectadores, o texto enxuto e traduzido via uma linguagem impecável e acessível a todos, parecem perder espaço para atributos muito mais além a que grandes jornalistas como Heródoto Barbeiro e Sebastião Squirra previram em seus manuais e palestras.


Há, agora, a contemplação ao umbiguismo como metáfora fisiológica da autoexaltação e do excesso de publicização dos profissionais que trabalham na linha de notícia na TV brasileira. A capacidade dos profissionais do telejornal mensura-se a partir do índice de popularidade diante dos holofotes midiáticos, enclausurando gradualmente a essência jornalística nos arquivos mais recônditos das redações.


O que, de certa forma, leva-nos a crer num telejornal mais próximo de reality show, do que espaço de informação.

LAWREMBERG ADVÍNCULA DA SILVA é professor de jornalismo da Unemat. E-mail:  [email protected]

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