KAROLLEN NADESKA
DA REDAÇÃO
A empresa RNI – do grupo Rodobens - é acusada por moradores do Condomínio Terra Nova Várzea Grande, localizado na “Estrada da Guarita”, de tentar realizar uma manobra jurídica para impedi-los de processarem a construtora por falhas estruturais em 54 casas que podem desabar a qualquer momento.
As famílias precisaram deixar o local na última semana por orientação da Defesa Civil do município.
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“A gente vai ter que abdicar de qualquer ação judicial. Só que em momento algum está escrito que eles vão dar outra casa para gente ou continuar pagando o aluguel. Se acontece algum desabamento já era”, argumenta.
Priscila Rodrigues Leão Ito, de 39 anos, uma das moradoras que deixou o condomínio, revelou ao que a Rodobens apresentou uma proposta de quitação de aluguel, pelo período de seis meses, com a exigência de que o grupo não seja processado pelos transtornos causados aos clientes pela falta de qualidade da obra.
Além disso, segundo Priscila, no documento não há uma cláusula que garanta segurança jurídica de que o morador do Terra Nova receberá seu imóvel de volta.
“A gente vai ter que abdicar de qualquer ação judicial. Só que em momento algum está escrito que eles vão dar outra casa para gente ou continuar pagando o aluguel. Se acontece algum desabamento já era”, argumenta.
Priscila garante que falou com especialistas, que deram como ‘certa’ a perda da construção.
“A gente já sabe que não tem como arrumar. Era um terreno que tinha altos e baixos e o fundo era um brejo. Eles pegaram toda a areia que tinha e jogaram nesse brejo, aterraram oito metros de altura, mas eles não colocaram dreno. Então toda a água que sai está mexendo com o solo”, destaca.
Risco de desabamento
No dia 29 de outubro, a Prefeitura de Várzea Grande notificou às 54 famílias para que deixassem as casas do condomínio por orientação da Defesa Civil. No documento constava prazo de 48 horas para que os moradores deixassem o local. No entanto, muitos alegam não ter para aonde ir por questões financeiras. Leia mais aqui
Outro lado
A assessoria da incorporadora RNI entrou em contato com o e explicou que "não existe" nenhuma possibilidade de as casas serem "tomadas" dos moradores. Em nota de esclarecimento, a empresa explica que se comprometeu com as 54 famílias, afetadas pelos danos no condomínio, em oferecer um apoio financeiro solidário de forma solidária. Contudo, a empresa colocou à disposição auxílio mudança no valor de R$ 4 mil para cada família, incluindo o custeio de saída e de retorno ao imóvel.
Na nota esclarece ainda que "as 54 famílias do condomínio foram informadas de que devem autorizar o auxílio oferecido pela RNI por meio da assinatura de um Instrumento de Transação. Esse documento formaliza o compromisso da empresa e permite que suas equipes tenham acesso aos imóveis danificados".
Leia a nota na íntegra:
Cumprindo seu compromisso com a comunidade do Terra Nova Várzea Grande, a incor-
poradora RNI entrou em contato com as 54 famílias afetadas por danos em imóveis do
condomínio, e os primeiros moradores começaram a receber o apoio oferecido solidaria-
mente pela companhia.
Atender à necessidade das pessoas é prioridade absoluta neste momento. Mesmo antes
da conclusão das perícias que apontarão as causas das avarias verificadas nas casas, a RNI
ofereceu auxílio de acomodação e anunciou que fará reparos nas unidades. As responsa-
bilidades pelos danos serão atribuídas a seu tempo pelas autoridades competentes, que
contam com total e irrestrita colaboração da construtora.
A RNI colocou à disposição auxílio de mudança de R$ 4 mil para cada família, incluindo
o custeio de saída e de retorno ao imóvel. Esse valor está sendo depositado em apenas
uma parcela, garantindo imediatamente segurança financeira aos moradores.
Há ainda medidas de suporte no médio prazo. Por um período inicial de seis meses, a
companhia oferece um auxílio de acomodação de R$ 2 mil por unidade, com acréscimo de
R$ 500 no caso de imóveis ampliados, e um valor de R$ 285 como apoio de taxa de con-
domínio. O amparo nesse período levará tranquilidade aos moradores enquanto serão
realizados reparos no condomínio. A RNI se comprometeu, com todos os moradores que
autorizarem, a realizar a manutenção no sistema de drenagem, a estabilização do solo
e consertos na estrutura. A construtora também atuará nas áreas internas dos imóveis.
As 54 famílias do condomínio foram informadas de que devem autorizar o auxílio ofere-
cido pela RNI por meio da assinatura de um Instrumento de Transação. Esse documento
formaliza o compromisso da empresa e permite que suas equipes tenham acesso aos
imóveis danificados – um passo essencial para a realização das obras de recuperação. A
companhia ressalta que sua disponibilidade de ajudar não tem qualquer relação com o
período de garantias oferecido aos compradores das unidades, já esgotado.
O Terra Nova Várzea Grande foi lançado em 2007 e construído de acordo com todos os pro-
cedimentos determinados pelos órgãos competentes. A RNI realizou nesse empreendimen-
to a sondagem e o aterramento do terreno e a compactação do solo, como é praxe nas suas
obras. O residencial recebeu habite-se e foi entregue em pleno funcionamento há dez anos.
Dois laudos técnicos realizados por engenheiros independentes apontam que os danos
construtivos verificados nas unidades do residencial ocorreram por movimentação do
solo e envolvem casas que passaram por modificações posteriores à entrega. Desde en-
tão, a RNI não teve acesso a nenhum projeto nem teve conhecimento dos métodos ou
procedimentos adotados nas reformas e ampliações realizadas. É importante ressaltar
que o empreendimento possui casas alinhadas lado a lado, e a instabilidade do solo afe-
tou inclusive imóveis que não passaram por reformas, ocasionando prejuízos.
A RNI continua à disposição dos órgãos competentes em Várzea Grande e no Mato Gros-
so e tem confiança no esclarecimento dos fatos. A empresa vem contribuindo para resta-
belecer a normalidade no Terra Nova Várzea Grande, sobretudo por respeito aos mora-
dores – um valor que orienta as decisões da companhia há 28 anos.