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Cuiabá, 13 de Maio de 2024
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23 de Fevereiro de 2018, 10h:12 - A | A

PODERES / CPI DO PALETÓ

Silval diz que deputados faziam extorsão e que dinheiro era propina

O ex-governador nega a versão apresentada pela defesa de Emanuel Pinheiro de que o dinheiro entregue ao então deputado era oriundo de uma dívida entre Silval e o irmão de Emanuel, Marco Pólo, o Popó.

CAROL SANFORD
DA REPORTAGEM



Em depoimento aos membros da Comissão Parlamentar de Inquérito, a chamada CPI do Paletó, o ex-governador Silval Barbosa garantiu que o ex-deputado estadual e atual prefeito de Cuiabá Emanuel Pinheiro (MDB) aparece no vídeo, entregue em delação premiada, recebendo propina.

"Nós chegamos a um acordo final de R$ 600 mil para cada deputado, divididos em 12 parcelas. Aquela ali era uma das parcelas que eles estavam recebendo", afirmou Silval.

Silval detalhou um plano de extorsão seguido pelos deputados estaduais durante a realização das obras da Copa do Mundo de 2014. 

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"Aquelas imagens mostram a extorsão para não atrapalharem as obras. Foi feito um acordo de R$ 600 mil para cada deputado. Começaram pedindo R$ 1 milhão, mas com a dificuldade que havia para conseguir esse dinheiro, eu ofereci aos deputados o valor de R$ 400 milhões dos contratos, para que eles procurassem essa empresas que a gente definisse o valor e eles acertassem. Mas radicalizaram, não queriam o contrato direto, queriam o dinheiro em mãos, então nós chegamos a um acordo final de R$ 600 mil para cada deputado dividido em 12 parcelas. Aquela ali era uma das parcelas que eles estavam recebendo", afirmou Silval.

O ex-governador nega a versão apresentada pela defesa de Emanuel Pinheiro de que o dinheiro entregue ao então deputado era oriundo de uma dívida entre Silval e o irmão de Emanuel, Marco Pólo, o Popó.

"[Os deputados] Chegaram a fazer reunião de colegiado para definir de que forma iriam extorquir o Governo. Chegou um determinado momento que eu tive que optar: ou cedia à extorsão, ou haveria muito mais atraso, ou talvez nem aconteceria a Copa em Mato Grosso", declarou Silval. 

Emanuel foi flagrado em vídeo, gravado na sala do ex-chefe de gabinete de Silval, Silvio Corrêa, enchendo os bolsos com R$ 20 mil em espécie para apoiar a gestão anterior.

Além do vídeo, os vereadores investigam a suposta tentativa de obstrução à Justiça, após a Polícia Federal afirmar que houve edição em uma gravação em que Sílvio explica como ocorreu o acordo de delação premiada. A gravação foi encontrada na casa do prefeito, durante a Operação Malebolge, em setembro de 2017.

Na semana passada, durante oitiva aos vereadores, Silvio confirmou que o dinheiro entregue a Emanuel era propina, ao contrário da afirmação do prefeito de que seria repasse de uma dívida do ex-governador com Marco Polo Pinheiro, o Popó, irmão de Emanuel.

Quem recebia propina

Silval afirmou que 22 deputados receberam propina. “Quem tinha controle era o Silvio Corrêa. Eu lembrei da maioria que está na minha colaboração. Recebram propina Ademir Brunetto, Baiano Filho, Dilmar Dal’Bosco, Azambuja, Ezequiel Fonseca, J. Barreto, João Malheiros, Luciane Bezerra, Luiz Marinho, Mauro Savi, Airton Português, José Riva, Romoaldo Junior, Sebastião Rezende,  Wagner Ramos, Walter Rabelo, Zé Domingos Fraga, Pedro Satélite, Emanuel Pinheiro, Alexandre César e Gilmar Fabris”, disse.

Pagamento ao irmão de Emanuel

"Essa questão do vídeo não tem nada a ver com pesquisa de Popó. Eu nem sei se Popó tinha para receber nesse momento. Que tenha essa dívida, mas esses recursos da gravação são frutos do acordo de extorsão que foi feito lá na Assembleia Legislativa", afirmou Silval. 

Mensalinho institucionalizado

Silval afirmou que cada deputado receber mais de R$ 2 milhões em mensalinho. Hoje, segundo Silval, o mensalinho continua existindo, só que de maneira regularizada, por meio da verba indenizatória. 

"Não quero condenar ninguém. Eu errei ao assumir compromissos que não deveria ter assumido. Infelizmente, a sujeira existe até hoje. Eu acabei com minha vida. Eu gostaria que vocês debruçassem em cima desse inquérito. Eu só relatei verdade. Eu devolvi muito mais do que apropriei. Cada deputado se apropriava de R$ 2 milhões, por mandato. Isso é mensalinho. Hoje, institucionalizaram o mensalinho, não posso deixar de falar isso".

 

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