PM que matou colega de farda e funcionária quer R$ 20 mil por danos morais

RepórterMT

PM reagiu a assalto e acabou matando duas pessoas inocentes

ANDRÉ MICHELLS
DA REDAÇÃO

O policial militar afastado das ruas (agora só faz serviços administrativos), Leandro Almeida de Souza, quer receber R$ 20 mil de indenização do RepórterMT por supostos danos morais.

Leandro, que conforme exames de balística da Politec, foi o autor dos disparos que mataram seu colega de farda, Danilo César Fernandes Rodrigues, de 27 anos, e a funcionária da empresa, a jovem Karina Fernandes Gomes, de 19 anos, na tarde do dia 24 de fevereiro do ano passado, durante uma tentativa de assalto na Casa de Câmbio Rápido, localizada na Avenida Getúlio Vargas, no Centro de Cuiabá.

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O laudo que determinou que os tiros fatais partiram da arma de Leandro foi divulgado no dia 21 de março, pelo delegado Walfrido Nascimento, da Delegacia de Homicídios e Proteção a Pessoa (DHPP).

Para o PM, a reportagem que teria sido 'ofensiva' ao militar que matou dois, tem o títiulo: PM’s envolvidos na tragédia estavam cobrindo "bico" de colega que trabalhava como segurança.   

A reportagem narra que, fonte da Polícia Civil revelou que os PMs Danilo e Leandro teriam ficado na Casa de Câmbio a pedido do segurança do local, também um policial militar (de folga), momentos antes da tragédia ocorrer.

O PM, que fazia a segurança,  teria ido a um cliente do estabelecimento junto com uma funcionária, que levava uma grande soma em dinheiro. Danilo e Leandro, segundo a fonte, ficaram no interior da loja por cerca de 1 hora para fazer a 'segurança' enquanto o local ficaria 'descoberto'. Durante esse período, o assaltante Edilson Pedroso da Silva, de 29 anos, entrou no estabelecimento e começou a trágica troca de tiros. 

A fonte ainda destacou o estado emocional de Leandro após disparar várias vezes para conter Edilson. Com a fuga do criminoso, que também foi atingido nas costas, o policial militar ficou em estado de choque ao ver que Danilo e Karina haviam sido baleados. 

RepórterMT

Viúva de PM morto por Leandro; angústia e pouca informação oficial, só as da Imprensa

Meses depois da tragédia, a viúva do PM Silvana Alves dos Santos, ainda buscava por informações sobre o caso. “Na verdade ficamos sem respostas, porque, até agora, não tivemos nenhum retorno. Minha sogra, que ainda está muito abatida, tem ido ao Batalhão, onde Danilo era lotado, mas não há respostas”, explicou ao RepórterMT em junho do ano passado. 

Silvana disse, na ocasião, que o policial Leandro estava exercendo as funções no Comando Geral da PM normalmente, naquele mês. Ela disse que recebeu a notícia de que o marido havia morrido, quando estava no trabalho dela, atravé do telefonema de um familiar. "Só temos a lamentar, sei que foi uma tragédia, mas todo mundo que foi envolvido, se tiver culpa, tem que ser penalizado”, afirmou. 

As imagens do circuito interno são claras e mostram os dois PMs no interior da loja, e Leandro trocando tiros com o bandido.

O PM acusado de duplo homicídio culposo, alega que o site, com essas informações, feriu sua honra. O processo é assinado pelo advogado Carlos Odorico Dorilêo Rosa Júnior, que alega, entre outras coisas, que o RepórterMT agiu com objetivo intencional de deturpar a notícia.

Diz ainda, pasmem, que o site citou o nome do PM acusado pelas mortes, sem autorização do mesmo. O advogado segue argumentando no processo que, "o site teria achincalhado a dignidade e a honra". 

Vamos relembrar. 

Fato  1: Os PMs estavam dentro do estabelecimento na hora do crime. 
Fato  2: O PM trocou tiros com o meliante dentro da casa de câmbio e ocasionou duas mortes. 
Fato  3: Se não foram cobrir bico de colega, foram fazer o que no local em pleno expediente? 
Fato  4: Uma bela jovem com futuro pela frente foi morta pela arma do PM que, agora, pede dano moral.
Fato  5: O próprio bandido disse, em depoimento, que entrou na loja e se deparou com o PM Leandro.
Fato  6: Leandro atirou no marginal até quando este já estava na calçada (como mostram as imagens), assumindo risco de matar mais um inocente na rua. 
Fato  7: Lendro atirou no bandido e matou Karina. 
Fato  8: Leandro atirou no bandido de novo e matou seu colega de farda. Vale lembrar que, Leandro, em depoimento, alegou que os tiros era do ladrão. 
Fato  9: O policial demonstrou-se despreparado para enfrentamento.
Fato 10: O PM morto deixou viúva Silvana Alves dos Santos, com quem estava casado havia 5 anos.  

"Contra fatos não há argumentos", diz a Máxima do Direito.  E, mesmo assim, com tudo o que sua falta de preparo para lidar com situações de pressão e risco ocasionou (matou um colega de farda e uma jovem de 19 anos), o policial afastado das ruas ainda se acha na razão para requerer indenização por danos morais? Qual seria a moral dele? Quanto ela valeria? 

Outra questão: o que pensariam os pais e a família de Karina ou os pais, a viúva e a família do PM assassinado sobre isso? Alô, MPE!