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Cuiabá, 19 de Maio de 2024
19 de Maio de 2024

04 de Janeiro de 2017, 18h:10 - A | A

GERAL / FILME REPETIDO

Parque Indígena do Xingu será homenageado pela Imperatriz Leopoldinense

No Carnaval de 2013 Cuiabá foi "homenageada" pela Mangueira. O então prefeito, em 2012, Chico Galindo (PTB), assinou contrato que custou aos cofres cerca de R$ 3,6 milhões.

CELLY SILVA
DA REDAÇÃO



A Escola de Samba Imperatriz Leopoldinense vai homenagear os povos do Parque Indígena do Xingu, no extremo Norte de Mato Grosso, que será tema apresentado no Carnaval do Rio de Janeiro este ano.

 

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“Eu já tinha um desejo de muito tempo de poder, um dia, exaltar os povos indígenas e venho trabalhando em uma pesquisa já há algum tempo. Apresentei essa ideia de fazer uma homenagem aos povos do Xingu para o presidente da escola, ele também gostou do tema e a gente começou a trabalhar em cima disso”, diz o carnavalesco.

Em entrevista ao , o carnavalesco Cahê Rodrigues, responsável pela concepção e execução da obra, disse que o enredo “Xingu, o clamor que vem da floresta” é a concretização de um sonho. “Eu já tinha um desejo de muito tempo de poder, um dia, exaltar os povos indígenas e venho trabalhando em uma pesquisa já há algum tempo. Apresentei essa ideia de fazer uma homenagem aos povos do Xingu para o presidente da escola, ele também gostou do tema e a gente começou a trabalhar em cima disso”, diz.

O carnavalesco, que começou a carreira como assistente de Joãozinho Trinta, conta que a intenção da escola de samba é abordar a vida, a cultura e a luta dos índios na defesa da floresta.

"Nós pegamos a região do Parque Indígena do Xingu como grande exemplo de luta, de perseverança, de respeito dos povos indígenas pela sua floresta, pela luta dos povos do Xingu que ganhou uma repercussão mundial"

“O enredo é uma exaltação à cultura do índio brasileiro e nós pegamos a região do Parque Indígena do Xingu como grande exemplo de luta, de perseverança, de respeito dos povos indígenas pela sua floresta, pela luta dos povos do Xingu que ganhou uma repercussão mundial por conta de toda essa luta deles em proteção à floresta, pela sua vida, pelo seu alimento, pelo seu rio”, afirma.

Apesar de não entrar em assuntos específicos como a tensa relação entre os índios e fazendeiros, mineradores e empreiteiros, o enredo da escola de samba acabou sofrendo críticas por parte daqueles que defendem o agronegócio e a construção da usina de Belo Monte. Mas Cahê explica que isso não é o foco da agremiação.

“É claro que algumas pessoas acabam interpretando de uma forma errada, a gente tem que explicar, dizer que foi um mal entendido. (...) O enredo não tem nenhum tipo de agressão à construção de Belo Monte, aos agricultores. A intenção da escola não é agredir ninguém. O enredo deu voz aos índios, então, tudo aquilo que a gente está reproduzindo, em termos de história, foi consultado por historiadores, por antropólogos, por índios. A gente ouviu muitos indígenas, muitas lideranças e o enredo foi construído em cima disso, com muita pesquisa”, defende o especialista em Carnaval.

 Índios na Sapucaí

Cahê confirma a participação de vários representantes de etnias que vivem no Xingu e aguarda a confirmação de Raoni Metuktire, liderança caiapó internacionalmente reconhecido por sua militância em favor da Amazônia e dos povos indígenas.

“Nós encaminhamos convite às principais lideranças do Xingu e já tivemos a confirmação da presença de alguns indígenas que vem para o desfile. Estou aguardando uma confirmação oficial do Raoni, que será um dos grandes homenageados”.

“É claro que algumas pessoas acabam interpretando de uma forma errada, a gente tem que explicar, dizer que foi um mal entendido. (...) O enredo não tem nenhum tipo de agressão à construção de Belo Monte".

Visita a Reserva do Xingu

Para fundamentar sua pesquisa, Cahê Rodrigues veio a Mato Grosso no início de dezembro e passou um final de semana na Reserva Indígena do Xingu, no extremo Norte do estado. De Canarana (836Km de Cuiabá) até a aldeia, foram cinco horas de viagem.

Na comunidade, ele passou pela vivência de comer a comida típica, ouvir histórias, dormir em uma oca. Rodrigues conta que o que mais lhe chamou a atenção nessa experiência foi perceber a beleza e a força na relação entre índio e natureza, em seu cotidiano.  

“A visão do enredo é uma mensagem de paz, de amor, mas de respeito aos povos, às diferenças para que todos possam viver em comunhão e cuidando da terra, da água, cuidando do nosso verde porque a gente depende disso para um futuro melhor para os nossos filhos, para os nossos netos”, defende.

 

Mensagem de união

Ao , Cahê Rodrigues ainda enfatiza que o enredo da Imperatriz é uma “grande lição de vida” por mostrar que os índios estão tão próximos da população urbana, mas aos mesmo tempo, são tão desconhecidos.

“O índio foi estudar, foi aprender os seus direitos, ele sabe que depende de um diálogo para poder conseguir as suas coisas. Então, muita coisa mudou, só que muita gente não sabe disso, ainda acha que índio vive de uma forma selvagem, e o que Imperatriz quer mostrar é que é possível todos viverem em comunhão, respeitando as diferenças uns dos outros. O índio não quer tirar o que é nosso, ele só quer que a gente respeite o que é deles”, afirma Cahê.

Outro objetivo da Imperatriz em seu desfile na Marquês de Sapucaí, segundo o carnavalesco, é levar uma mensagem de comunhão e respeito entre os povos. “A visão do enredo é uma mensagem de paz, de amor, mas de respeito aos povos, às diferenças para que todos possam viver em comunhão e cuidando da terra, da água, cuidando do nosso verde porque a gente depende disso para um futuro melhor para os nossos filhos, para os nossos netos”, defende.

Preparativos

O organizador do desfile da escola de samba conta que a preparação para o Carnaval está a todo vapor. “Os trabalhos aqui estão num corre-corre danado porque vira o ano e a gente já começa a nossa contagem regressiva. (...) Esses dois meses que antecedem o carnaval vão ser de muito trabalho!”.

O carnavalesco afirma ainda que a crise econômica atingiu também as escolas de samba do Rio de Janeiro, mas que a Imperatriz tem sabido lidar com essa adversidade. “Este ano tem sido muito difícil para todas as escolas aqui no Rio de Janeiro, existe uma dificuldade muito grande em materiais, então, a gente está tendo que driblar essa crise para fazer um grande espetáculo, mas a Imperatriz é uma escola muito organizada e ela tem conduzido muito bem os trabalhos, as coisas estão caminhando dentro do cronograma”.

Questionado se a escola conta com algum apoio financeiro do Poder Público de Mato Grosso ou mesmo da Funai, ele nega. “A gente entende que o país está em crise e essas instituições também não têm muitos recursos. Então, a escola resolveu acreditar nesse enredo, mas nós não pedimos ajuda a ninguém. A única ajuda que a gente pediu à Funai e à própria Atix (Associação Terra Indígena do Xingu), foi uma ajuda social, de amparo em conduzir as reuniões, de contato com as lideranças. Esse apoio a gente tem recebido tanto da Funai, quanto da Atix”, explica.

Confira o samba enredo da Imperatriz Leopoldinense: 

Compositores: Moisés Santiago, Adriano Ganso, Jorge do Finge e Aldir Senna 

Mangueira

No Carnaval de 2013, Cuiabá foi homenageada pela Estação Primeira de Mangueira.

O então prefeito Chico Galindo (PTB) assinou, em 2012, contrato que custou aos cofres do município cerca de R$ 3,6 milhões.

A conta ficou para o sucessor, Mauro Mendes (PSB), pagar.

Pelo projeto, o custo seria R$ 1,6 milhão dos cofres da Prefeitura e R$ 2 milhões de patrocínio. Mas a Prefeitura só conseguiu arrecadar R$ 825 mil em patrocínio junto à extinta (Secretaria Extraordinária da copa do Mundo (Secopa).

O restante do custo ficou para o Município para que a Mangueira pudesse representar Cuiabá no desfile. A escola ficou em 8° lugar no desfile daquele ano, entre 12 participantes.

O TCE abriu procedimento para averiguar irregularidades no contrato.

Apesar de encontradas 13 na prestação de contas, o órgão acabou julgando pela regularidade da transação.  

Álbum de fotos

Arquivo Pessoal

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Reprodução

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