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Cuiabá, 14 de Maio de 2024
14 de Maio de 2024

30 de Setembro de 2018, 08h:00 - A | A

GERAL / EFEITO DEPRESSÃO

MT registra 157 suicídios em nove meses; maioria das vítimas é homem

De janeiro a agosto de 2018, 154 pessoas cometeram suicídio no Estado, contabilizando com os números de setembro, o montante chega a 157 casos. A faixa etária com maior incidência é dos 35 aos 64 anos.

MARCIO CAMILO
DA REDAÇÃO



Mato Grosso já registrou 154 suicídios de janeiro a agosto deste ano, de acordo com o Sistema de Registros de Ocorrências Policiais (SROP) da Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp-MT). Somados, os números de setembro, os casos sobem para 157, o que corresponde a uma média de 13 mortes por mês.

Dos 157 suicídios, 42 aconteceram na região metropolitana de Cuiabá, sendo 30 na Capital e 12 em Várzea Grande. Homens representam 79% das mortes, enquanto as mulheres 21%.  A faixa etária com maior incidência é dos 35 aos 64 anos (75 casos). Em segundo lugar estão as pessoas com mais de 65 anos: 18 mortes no total.

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Em 2017, a Sesp registrou 176 ocorrências dessa natureza, entre os meses de janeiro e dezembro, sendo 31 suicídios em Cuiabá e 16 em Várzea Grande.

"Nós do CVV costumamos falar que as pessoas precisam olhar mais para o lado. Vê o que está acontecendo com o outro. Não é ficar só no nosso quadrado, porque às vezes a gente pode perceber uma pessoa que precisa de atenção, de um apoio ou simplesmente ser ouvida para aliviar suas angústias", observa a voluntária Cynara Abad.

A porta-voz do Centro de Valorização da Vida (CVV) em Cuiabá, Cynara Abad, analisa os dados com preocupação, já que ainda faltam três meses para o fim do ano e os números de 2018 estão muito próximos de alcançar 2017.

Segundo a coordenadora, 90% dos casos podem ser evitados, pois as pessoas "só precisam escutar mais as outras”.

"Muitos perguntam: 'o que a gente pode fazer para ajudar'. E nós do CVV costumamos falar que as pessoas precisam olhar mais para o lado. Vê o que está acontecendo com o outro. Não é ficar só no nosso quadrado, porque às vezes a gente pode perceber uma pessoa que precisa de atenção, de um apoio ou simplesmente ser ouvida para aliviar suas angústias", observa. 

Ela ressalta que é preciso perder o medo de se aproximar e oferecer ajuda.

"A pessoa que está numa crise suicida se percebe sozinha e isolada. Se um amigo se aproximar e perguntar: 'tem algo que eu posso fazer para te ajudar?', a pessoa pode sentir abertura para desabafar", explica.

"Se um amigo se aproximar e perguntar: 'tem algo que eu posso fazer para te ajudar?', a pessoa pode sentir abertura para desabafar", explica.

Cynara acrescenta que nessa hora ter alguém para conversar pode fazer toda diferença.

"Qualquer um pode ser esse ombro amigo, que ouve sem fazer críticas e dá conselhos. Quem decide ajudar não deve se preocupar com o que vai falar. O importante é estar preparado para ouvir respeitando o momento e a forma de pensar da pessoa", salienta.

Destaca que a primeira medida preventiva é a educação, e que as pessoas precisam deixar de ter medo de falar sobre o assunto.

"Hoje 32 pessoas por dia tiram a própria vida no país. Por isso é essencial deixar os preconceitos de lado e conferir alguns dados básicos sobre o assunto", orienta ao acrescentar que uma população consciente das principais causas de suicídio - e como ajudar - pode ser o primeiro passo para reduzir esse tipo de morte no Brasil. 

Segundo ela, são vários os motivos que levam uma pessoa a se matar, como “a necessidade de aliviar pressões externas, cobranças sociais, culpa, remorso, depressão, ansiedade, medo, fracasso, humilhação, entre outros”.

"As pessoas costumam dizer: 'quem fala que vai se matar não se mata'. Se mata sim. Quem comete suicídio normalmente avisa antes. De acordo com as estatísticas [da Organização Mundial da Saúde] de cada 10 suicídios, nove podem ser prevenidos, porque a pessoa dá sinais de que ela precisa de ajuda", enfatiza Cynara.

Casos recentes

No dia 6 de setembro o garçom Wilson Rocha de Souza, 46 anos, morreu após cair do 9° andar do Hotel Paiaguás, na Avenida do CPA, em Cuiabá.

De acordo com informações da Polícia Militar – repassadas no dia da ocorrência – a vítima teria se jogado da janela do hotel onde trabalhava por estar passando por problemas familiares.

Duas semanas depois, em 18 de setembro, o policial federal Leandro de Castro, 27 anos, morreu após atirar na própria cabeça, no Edifício Alvorada, no bairro Terra Nova, em Cuiabá.

Dois dias depois, um estudante de medicina de uma universidade particular, José Cardoso Júnior, 37 anos, foi encontrado morto dentro do apartamento no 3º andar de um prédio do condomínio Parque Beira Rio, próximo à Universidade de Cuiabá. A Polícia Civil confirmou que se tratava de um suicídio.

'Setembro Amarelo'

Setembro é o mês dedicado à prevenção e combate ao suicídio no Brasil. A campanha começou em 2015, sendo denominada de "Setembro Amarelo", cujas ações são coordenadas pelo CVV, o Conselho Federal de Medicina (CFM) e pela Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP). A ideia é promover eventos que abram espaço para debates sobre suicídio e divulgar o tema alertando a população sobre a importância de sua discussão.

Dentro dessa lógica, o CVV distribui uma cartilha que explica de maneira simples e didática como as pessoas podem identificar comportamentos suicidas, e como elas podem ajudar o outro, que pode ser um amigo, parente ou conhecido. Acesse o documento AQUI

O CVV também conta com encontros presenciais do "Grupo de Apoio aos Sobreviventes do Suicídio". A roda de conversa ocorre todas as quintas-feiras, a partir das 19h30, na sede do CVV Cuiabá, que fica na rua Comandante Costa, número 296, Centro Norte de Cuiabá.  

As pessoas também podem procurar ajuda pelo telefone 188 (CVV), que funciona 24h. Atualmente a entidade conta com um grupo de 2 mil voluntários que oferecem apoio emocional gratuito. 

Outras formas de atendimento do CVV  são por Skype, email e pessoalmente. Mais informações podem ser obtidas pelo site www.cvv.org.br.

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