KEKA WERNECK
DA REDAÇÃO
Desde junho de 2004, quando começou a ser construído, até os dias de hoje, o Portal Turístico Temático de Cáceres, no interior de Mato Grosso, jamais funcionou.
Uma obra de R$ 800 mil, pensada para ser uma porta de entrada para os visitantes da região pantaneira, está abandonada.
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O Portal, que conta com várias salas, caso funcionasse, deveria organizar informações em murais sobre os passeios possíveis pelo rio Paraguai, em balneários locais, fazendas turísticas e pelo Parque das Águas, que comporta várias belas cachoeiras. Seria uma espécie de ponto de apoio ao turista.
No lugar disso, o espaço serve a usuário de drogas, prostituição e sexo. Cachorros sem lar e mendigos também dormem por lá. Lixo e moscas tomam conta. O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST)ocupou a área ao lado e atrás da estrutura.
Marcos Vergueiro/Secom-MT
Rio Paraguai é uma das belezas locais
Por causa da sujeira e dos riscos, o MST, que fincou uma bandeira na lateral do Portal, afirma que não está dentro prédio.
O MST tem famílias acampadas em parte do terreno onde o prédio turístico foi erguido.
Famílias acampadas que estão aguardando por um lote da reforma agrária.
O nome do acampamento do MST é Cássio Ramos, nome de um menino que foi atropelado e morreu na praça da cidade durante um protesto.
Uma das lideranças do movimento em Cáceres, Silvio Araújo, afirma que, quando as famílias chegaram neste acampamento, tinha muito mato alto e clima de insegurança.
“Posso garantir que não tem famílias dentro do prédio, usando as salas, mas tem gente nossa em parte do terreno, isso sim. Porém o Caranguejão nunca funcionou, nunca foi mobiliado e, sem nunca ter sido usado, já até passou por uma reforma e a gente desconfia de desvio de verba, desperdício de dinheiro público. Nunca ninguém cuidou dessa estrutura”.
Já o assessor do secretário municipal de Turismo de Cáceres, Antônio Carlos Mendes, fala que o MST ocupa a área há dois anos.
“A gente não pode chegar perto que eles não deixam”, reclama.
Conforme Mendes, a atual gestão municipal, que tem cessão para explorar o Portal, diz pensar em reativá-lo, tanto é que chegou a elaborar um edital, no final de 2014, mas não o publicou. “Não tem como chamar uma empresa para administrar o complexo com pendências”, argumenta o assessor.
Embora tenha fincado bandeira ao lado do complexo, MST afirma que não ocupou o prédio, porque ele está muito sujo
A pendência é a questão do terreno. Parte do Portal Turístico foi construído em área de um fazendeiro local, que fez a doação do terreno.
Outra parte, em área do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit).
A parte doada está resolvida, mas o assessor Mendes lembra que o Dnit chegou a falar em demolição da estrutura, em 2013. Segundo ele, a gestão anterior do Governo do Estado, através da extinta Secretaria de Estado de Desenvolvimento do Turismo (Sedtur), estaria em diálogo com o Dnit.
A Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico, que assumiu o turismo, questionada sobre essa situação, informou através da Assessoria de Imprensa que fará um levantamento do caso para ver o que é possível fazer.