KEKA WERNECK
DA REDAÇÃO
Um ano e cinco meses após começarem a chegar em Cuiabá, os 40 vagões do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), comprados prematuramente, antes mesmo que o empreendimento estivesse próximo de ficar pronto, já demonstram desgaste causado pela exposição ao tempo.
É o que a imprensa constatou acompanhando inspeção técnica, feita nesta quarta-feira (22) à tarde no Centro de Manutenção e Controle Operacional do modal, que fica ao lado do Aeroporto Marechal Rondon, em Várzea Grande.
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Antes da chuva, que caiu no meio da tarde, dava para ver, nos vidros das 40 unidades do VLT muita poeira, já que o terreno, onde estão acomodados, não é pavimentado. Informações do próprio Consórcio VLT são de que tem gente entrando no Centro de Manutenção e deixando xingamentos riscados nos vidros.
Isso indica fragilidade no sistema de segurança dos vagões, que têm peças suscetíveis a roubo, uma responsabilidade das empresas consorciadas. Porém, ainda de acordo como Consórcio VLT, a Polícia Militar não faz rondas ostentivas na região, para colaborar.
Após a chuva, o que foi possível observar é que os vãos dos trilhos acumulam água parada, um risco de proliferação do mosquito Aedes Aegypti, transmissor da dengue.
Na parte inferior dos vagões, o sistema de rolagem mostra-se já enferrujado, o que poderia comprometer o deslize do modal.
Representante do Consórcio VLT, Agenor Marinho, não admite o desgaste natural do tempo, mas diz que os vagões já são tratados pelo plano de manutenção, previsto para dois anos.
Este plano, conforme Marinho, já está sendo executado há um ano e isso quer dizer que tem validade para somente mais 12 meses.
Como o modal só deve começar a funcionar em 2018, no final destes dois anos iniciais de manutenção, um outro plano deve ser pensado, para que este patrimônio público, comprado por R$ 500 milhões, não estrague.
RepórterMT
Poeira nos vidros, ferrugem no sistema de rolagem e água parada nos trilhos
“Nós estamos falando que aquela manutenção é para dois anos. A partir dali nós teremos que adotar novos procedimentos e adequar o plano”, admite Marinho.
Ele não quis informar qual o valor para manter os vagões em perfeito estado e não disse também se esse custo está previsto em contato ou terá que ser remunerado com pagamento adicional. “Agora dizer de cara assim não teria esses valores. Estamos fazendo o levantamento e informarem em breve”, esquiva-se. Sobre este custo estar ou não previsto em contrato, ele disse que “teria que ver, mas acredito que esteja previsto sim”.
A inspeção técnica desta quarta-feira foi acordada em audiência de conciliação dia 7 de abril. Na audiência, as partes envolvidas – Governo do Estado e VLT – definiram que serão feitas estas intervenções técnicas compartilhadas de 15 em 15 dias, até o prazo final de 75 dias, em que as empresas devem apresentar, em juízo, cronograma de execução até 2018 e o Governo do Estado uma proposta de pagamento de valores adicionais aos empresários.
A ideia é chegar a um acordo para, caso o empreendimento seja tocado adiante, a população não sofra mais não somente com os desconfortos causados pelas obras abertas, mas também com as incertezas sobre a aplicação do dinheiro público.
Na inspeção, estiveram presentes representantes do Tribunal de Contas do Estado (TCE), da Procuradoria Geral do Estado (PGE) e da Secretaria de Estado de Cidades (Secid). O Minsitério Público Estado (MPE) e Federal (MPF) não mandaram representação.
O auditor do TCE, André Luiz Souza Ramos, disse que a maior preocupação é que esse material não fique “obsolescente”, ou seja, inapropriado para o uso. “Temos que garantir que esteja em perfeitas condições”, explica.
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Água acumulada nos trilhos representam risco de proliferação do mosquito da dengue
Ramos explicou ainda que o Consórcio VLT apresentou o plano de manutenção, que agora será avaliado e só então o TCE emitirá um relatório sobre isso.
O Governo do Estado também disse que só vai se pronunciar sobre os desgates dos vagões, após verificar o plano de manutenção.
O secretário adjunto de Progamas Especiais e Assuntos Institucionais da Secid, Paulo Sardinha, disse apenas que "equipes técnicas estão estudando as desapropriações, para que ocorram mais rapidamente".
O Consórcio VLT alega que não finalizou o modal para Copa por atraso nas desapropriações e de alguns pagamentos.
O VLT é uma obra bilionária, prevista para melhorar a mobilidade urbana durante a Copa. O valor orçamentário do empreendimento é de R$ 1,1 bilhão.
O engenheiro Carlos Serrano, gerente de projeto da CAF, que integra o Consórcio, explicou que o projeto do VLT em Cuiabá é de tecnologia europeia.
O modal foi pensado para atender 400 passageiros por viagem, sendo 77 assentados. As cabines contam com sistema de ar condicionado e de entretenimento. O trem tem caixa preta e sistema de câmeras internas.
O problema é que, para usufruir de tudo isso, os passageiros teriam que pagar uma tarifa que pode chegar a R$ 10, conforme estudos prévios, o que seria fora da realidade do transporte público urbano na Grande Cuiabá.
No dia 6 de novembro de 2011, o governo de Silval Barbosa apresentou o primeiro vagão do VLT em Cuiabá, como realização do “sonho da população cuiabana”.
Em abril de 2015, só 17% do empreendimento está executado, embora o Consórcio já tenha recebido R$ 1,066 bilhão, ou seja, quase a totalidade do valor estimado do empreendimento.
CAMPOGRANDENSE 22/04/2015
Esse sebastiao deve ser daqueles ufanistas cuiabanos que acreditaram e ainda acreditam nessa obra.. quer saber, bem feito.. eu avisei..
Sebastiao 22/04/2015
Que matéria hipócrita.
2 comentários