Dentista de Rondonópolis salva vida de adolescente de 14 anos em SP

Arquivo Pessoal

Christiane Cristovão conta que doação foi feita via esta máquina, parecida como a de hemodiálise.

KEKA WERNECK
DA REDAÇÃO

A dentista Christiane Cristovão, de 36 anos, participou, em outubro do ano passado, da campanha de doação de medula, em Rondonópolis, movida, entre outras pessoas voluntárias, pela empresária Rose Sachetti, 59. O apoiou a campanha. Em dezembro, Christiane recebeu a ligação do Registro Brasileiro de Doadores de Medula Óssea (Redome), na qual estava inscrita, sendo chamada para salvar a vida de um adolescente de 14 anos, de Ribeirão Preto (SP). A identidade do adolescente é mantida em sigilo pelo Redome.

“Eu quero passar por isso de novo, é muito bom, o sentimento que te dá é incrível, o prazer, a alma fica mais leve, é indescritível, a sensação é maravilhosa”, detalha Christiane, que disse ao ter um bom motivo para revelar sua história. “Faço isso somente para estimular outras pessoas a também se colocarem como doadoras”.

>>> Clique aqui e receba notícias de MT na palma da sua mão

Ela conta que depois da ligação de dezembro foi em janeiro para Ribeirão Preto passar por uma bateria de exames e depois voltou em fevereiro, dia 17, para passar por uma preparação. Passou por outros exames e tomou medicamentos que potencializam a produção de células-tronco. A doação, em si, ocorreu no dia 23 de fevereiro. A equipe médica colheu a medula por aférese. “A gente fica em uma máquina parecida com hemodiálise. O sangue é filtrado pela máquina que separa as células-tronco e a outra parte do sangue volta para a gente”, explica a dentista.

A colheta também pode ser feita por pulsão na região da bacia. Quem decide qual o melhor método é a equipe médica.

Segundo ela, o medicamento para produção de células-tronco provoca dores nos ossos. Mas nada que não seja suportável e passageiros, além disso sem qualquer risco para o doador.

“Não é um procedimento tão simples assim, na verdade é complexo, mas é bem tranquilo. Não é coisa do outro mundo e nem bicho de sete cabeças. Envolve dor, mas você sabe que vai passar. As pernas ficam um pouco pesadas, mas nada de grave, um incômodo um pouco desagradável sem qualquer risco para mim, tanto é que fiz a doação em uma terça e na quinta-feira já estava trabalhando em Rondonópolis”, relata a doadora.

A cura do adolescente que recebeu a medula de Christiane vai depender do organismo dele, mas conforme os médicos especialistas na área este é o caminho mais seguro na luta contra a leucemia e outras doenças sanguíneas para as quais ainda não há tratamento.

Ela espera um dia poder encontrar com o adolescente. “Quando puder e for possível, se a família permitir, eu adoraria encontrá-lo, eu rezo por ele todos os dias para ele sem saber quem é, mas tenho certeza que vai dar certo”.

Christiane diz que ficou muito feliz também com o resultado do transplante da empresária Rose, estimuladora da campanha que mudou a história desta doadora. “Agora é vida que segue, mas sou uma pessoa melhor”.

Arquivo Pessoal

Empresária passou por transplante: 'Minha medula pegou!!!'

A empresária Rose comemorou muito neste final de semana, pouco mais de duas semanas depois de ser transplantada. No dia 17 de março, ela recebeu medula de uma doadora da Alemanha, nove meses após o diagnóstico de leucemia. No domingo, ela usou as redes sociais para informar que no sábado (2) a medula dela “pegou”, ou seja, foi aceita pelo organismo dela.

“Ontem minha medula pegou!!! A certeza, tão esperada, veio confirmada pelos exames de hoje. Passei para outra fase da minha luta, agora é a não rejeição. Mas olhando para trás, acho que tudo fica pequeno diante do que já passou e olhando para a frente fica tudo fácil pela quantidade de mãos que sei que irei encontrar para me ajudar nesta nova fase”, comentou Rose.

A empresária, que é esposa do deputado federal Adilton Sachetti (PSB), já venceu um câncer e agora está em vias de se salvar de outro.

"A minha fé, minha coragem, minha resistência, tudo foi testado. Passei por momentos difíceis, sentia dor até para respirar. Mas nunca pensei em desistir. Sabia que aquilo era inevitável e aceitei o que Deus havia reservado para mim", diz. “Talvez a grande lição que tive em tudo isso foi entender que a vida é muito boa. Seja lá a vida que você tenha, o que você faça, a vida é muito boa. Precisamos ter sempre em mente a importância dos amigos, da família e não desistir diante das provações. Sei que neste momento muitas pessoas estão passando por momentos difíceis, mas é preciso ter claro que isso passa. São apenas momentos. A melhora existe, a cura existe", destaca.

Ela ficou cinco meses à procura de um doador de medula óssea compatível. Não foi encontrado doador no Brasil, mas a rede internacional de doadores – à qual o Sistema Único de Saúde (SUS) é interligado - encontrou uma doadora na Alemanha.

O material foi recolhido naquele país, e encaminhado ao Brasil.

A identidade da doadora é mantida em sigilo pelo Redome.

TRATAMENTO CONTINUA

Agora, Rose deve seguir tomando alguns medicamentos para fortalecer sua imunidade e ainda deverá ser acompanhada por médicos, com exames regulares, por cerca de quatro meses em São Paulo, para avaliar se seu organismo emite qualquer sinal de rejeição. Em cerca de um ano ela deverá retomar suas atividades normais, sem necessidade de acompanhamento.

O DIAGNÓSTICO

Rose Sachetti descobriu que estava com com câncer  (leucemia mieloide  aguda) em junho de 2015. Desde então, entrou para o cadastro do Registro Nacional de Receptores de Medula Óssea (Rereme), um sistema criado pelo Instituto Nacional do Câncer (INCA) para agilizar o processo de busca de doadores. 

Esse cadastro cruza os dados dos pacientes que precisam de um doador de medula óssea com o Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea (Redome), instalado no INCA.

Quando é verificada compatibilidade, a pessoa é convocada para efetivar a doação.

Essa é a segunda vez que a dona Rose supera o câncer, em junho de 2012, ela teve câncer de mama, nível 5, e a chance de sobrevivência era de apenas 5%.

CAMPANHAS

Participando da campanha de 7 e 8 de outubro, no Centro de Especialidades Apoio e Diagnósticos Albert Sabin, em Outubro, Rose Sachetti gravou um vídeo apelando para a solidariedade dos moradores. Não por acreditar que seria beneficiária diretamente, já que tem descendência alemã e suas chances estariam mais no Sul do país. Mas para ajudar os mato-grossenses que possam estar passando pelo mesmo que ela.

Inspirados pela iniciativa de Rondonópolis, voluntários fizeram também uma campanha de doação de medula também em Cuiabá ano passado, de 13 e 23 de outubro, no Hemocentro.

As duas campanhas por doações de medula óssea, cadastraram cerca de 8 mil pessoas. Antes da campanha o número de cadastrados no Redome em MT era de apenas 22 mil.  Agora são cerca 30 mil.

FAMOSOS NESTA LUTA

Atendendo ao apelo da empresária Rose Sachetti, vários artistas famosos e personalidades aderiram ao projeto e também mandaram vídeos. A campanha foi um sucesso, a maior já realizada no estado de MT. Em apenas dois dias foram cadastradas 7084 pessoas.

 Alguns ilustres que aderiram a campanha foram o cantor Leonardo, o ex-jogador de basquete Oscar Schmidt, o senador Romário, o deputado federal Pastor Feliciano, que postou o apelo nas páginas de facebook dele que tem mais de 1 milhão de seguidores, e do Campeão Pan Americano de Judô, medalha de ouro no campeonato Pan-americano de Judô de Edmonton, no Canadá.