Caroline Rodrigues
Da Redação
Em poucos bairros de Cuiabá o abastecimento de água é contínuo e, quando acontece, os moradores reclamam da baixa pressão, bem como da qualidade do produto. No CPA 4 e Praeiro, o odor é semelhante ao de esgoto e as pessoas têm medo de usar para encher filtros d"água e fazer comida. A frequência também é irregular, o que torna essencial a presença de reservatórios externos, como acontece no Centro América, Alvorada, Praeiro e nos últimos 3 meses no Jardim Califórnia.
O cozinheiro Alexandro Ricardo da Silva, 29, relata que há mais de 3 meses a água não sobe para a caixa d"água interna. Ele mora no bairro CPA 4 e afirma que as vezes o cheiro é ruim, como se fosse esgoto. O produto é inadequado para cozinhar e beber. Então, a família optou por comprar galões, pelo menos para usar na alimentação.
Nas torneiras, a pressão não é suficiente e Silva precisa encher um reservatório no chão e usar um balde para atender as necessidades da casa. Ele argumenta que mesmo com a falta de abastecimento a conta não reduziu. A tarifa paga é de aproximadamente R$ 50, que corresponde a 14 mil litros de água, que o morador assegura que não consumiu.
Os moradores do bairro Praeiro recebem a água com cheiro de esgoto também. A doméstica Elizabete Campos Arruda, 58, afirma que o odor é semelhante ao do córrego Barbado, que fica ao lado da casa dela.
O abastecimento acontece por cerca de 2 horas e não atende todos da comunidade. Ela precisa acordar de madrugada para encher vários recipientes, porque trabalha fora e não pode lavar roupa e fazer as tarefas domésticas durante a manhã.
A diarista Gislaine da Silva Guimarães, 29, mora no mesmo bairro e diz que a família comprou uma bomba para levar a água para a caixa d"água interna. O investimento vai trazer impacto nas despesas, que já têm cerca de R$ 150 destinados à tarifa emitida pela Sanecap. Segundo ela, o problema atinge toda a região. "Não é apenas em bairro de pobre, eu trabalho no Jardim Califórnia e lá está do mesmo jeito".
No Jardim Califórnia, a servidora pública aposentada Marilza Malheiros de Souza, 70, conta que a falta de abastecimento começou há 3 mês. Antes, havia água regularmente e com qualidade. Agora, além de não chegar, o líquido costuma ter aspecto barrento.
Ela argumenta que na casa dela o problema é menor porque moram poucas pessoas, mas quem abriga muita gente, principalmente crianças, passa por dificuldade.
Justiça - A Companhia de Saneamento da Capital (Sanecap) foi acionada na Justiça pelo Ministério Público Estadual (MPE) na sexta-feira (10). A ação civil pública exige que o órgão forneça de maneira ininterrupta a água e disponibilize caminhões-pipa, onde não há condições de sanar o problema de imediato.
O fim da taxa de religamento está incluído no processo. Na ação, o promotor Miguel Slhessarenko explica que é injusto cobrar por um serviço que é prestado de maneira inadequada.
Nove bairros de Cuiabá fizeram a denúncia formal ao MPE, mas conforme as matérias publicadas em A Gazeta, nos últimos 30 dias, outras 11 comunidades passam pela mesma situação.
Outro lado - A reportagem procurou a Sanecap para falar sobre o assunto, mas os telefonemas não foram atendidos.