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Cuiabá, 25 de Abril de 2024
25 de Abril de 2024

18 de Setembro de 2017, 08h:14 - A | A

OPINIÃO / GONÇALO ANTUNES DE BARROS NETO

Superação...

A felicidade, portanto, não é solitária, ninguém vive pra si



O que direciona a maioria das ações na vida? A felicidade. Em época de depressão, corre-corre, nostalgia ao extremo, saudades não sublimadas, violência etc., ela está, sempre, em nosso norte magnético.

Para a felicidade, em utopia ou concreção, em linha nem sempre reta, caminhamos.

Descartes, em seu primoroso "Discurso do Método", assinala uma moral provisória, consistente em três máximas, nessa busca pessoal. Até então provisória, pois, posteriormente buscou outros horizontes reflexivos na afirmação de seu "eu".

A primeira, obedecer às leis e aos costumes de seu país, guardando com firmeza a fé religiosa na qual foi instruído desde a infância, e se governando em todas as outras coisas de acordo com as opiniões mais moderadas e mais distantes do excesso.

 

A segunda, em ser o mais firme e mais decidido possível nas ações e em não seguir menos firmemente as opiniões mais duvidosas, quando a isso houver decidido.

Para retratar essa condição, se compara a um viajante que, perdido em uma floresta, não deve errar girando ora para um lado, ora para outro, nem muito menos deter-se num lugar, mas caminhar sempre o mais reto que puder para um mesmo lado, não o trocando por nenhum motivo, apesar do acaso na escolha.

A terceira, procurar sempre vencer antes a si mesmo do que à fortuna e mudar antes os próprios desejos do que a ordem do mundo, e, em geral, acostumar a crer que nada há que esteja inteiramente em nosso poder, a não ser os nossos pensamentos.

O citado filósofo expôs essas assertivas em caráter provisório e inseriu-se nesse contexto por nove anos, ou pouco menos.

Mas de tudo, o que merece destaque, penso, é o reconhecimento de que os desejos encontram-se limitados pela ordem das coisas e, de absoluto, somente o próprio pensamento. O que se cogita não se pune, nem pelo costume. Dele não se pede contraditório.

Descartes deveria escrever, em osmose quântica, o quão é perigoso pensar, pensar alto e errado. Se cada qual guardar para si a "genialidade" que o incomoda, menos mal produziria.

Mas, se a verborragia e a incontinência imperar, somos refém e sem anestesia a ludibriar o efeito.

A felicidade, portanto, não é solitária, ninguém vive pra si mesmo, nem mesmo as andorinhas. Num mundo em que não há previsibilidade, o acaso funciona como revigorante de um eterno retorno, retorno a um eixo central.

Somos origens, cada um em cada qual, sob tal e direta ironia, da vida em perspectiva, e nunca do que foi, pois, se foi, não será mais, movimentou-se, até cansou.

É por aí...

GONÇALO ANTUNES DE BARROS NETO é juiz de Direito em Cuiabá.

[email protected]

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