RENATO DE PAIVA PEREIRA
Deve ter algum motivo para que tantos empreendimentos vindos de fora não deem certo em Cuiabá.
Empresas tradicionalmente funcionais e admiradas em outros estados aqui emperram ou não funcionam como esperado.
A mais tradicional cadeia de fast-food do mundo, que é um exemplo de atendimento rápido em qualquer lugar, na nossa capital, bastam 3 carros na fila do drive thru, em qualquer loja, para a equipe se embaralhar e já jogar você no estacionamento de espera.
Não conseguem atender ao menor aumento de demanda. Parece que empresários/franqueados estão satisfeitos com este desempenho e não investem em treinamento.
Exemplo dois: nossa fábrica de cerveja, filial da megaempresa de bebidas de atuação mundial, que em outros lugares tem uma fachada bonita, grama aparada, jardim bem cuidado e irrigado, aqui se adaptou à feiura do bairro onde está instalada.
Ela que poderia, a partir do exemplo, influenciar na melhora do local, consegue ser mais displicente que os moradores vizinhos.
Raramente, corta o mato que margeia sua área, não se preocupando com a aparência.
Além disso, por falta de organização e sobra de descaso, lota a rodovia que passa em frente com dezenas de enormes carretas atrapalhando o trânsito. Ela consegue enfear ainda mais um lugar que já é feio e descuidado.
Ainda outro: um hipermercado, famoso no sudeste, recentemente instalado aqui na capital, foi fechado provisoriamente, há poucos dias, por recorrência na venda de produtos vencidos.
Deveria ser punido mesmo, pois a infração é grave. Questiono, sim, a razão de acontecerem essas coisas somente aqui.
Será que eles também pensam que o cuidado que dispensam ao cliente e às cidades em outros estados são desnecessários no Estado de Mato Grosso, tido por eles como periferia?
Mais um: a mais famosa rede de shopping center do país está com as obras embargadas.
Não sei a causa, parece que são problemas burocráticos de licenças ambientais.
Creio que a paralisação de obras só deveria ocorrer em situações limite, e não para mostrar quem manda no pedaço: os órgãos ambientais ou o Ministério Público.
O prejuízo é muito grande, de repente poderia se fazer um acordo, sem abrir mão da segurança necessária, mas dando um prazo para a regularização.
Algumas prováveis razões para tantos desacertos: falta de exemplo das autoridades que não cuidam da cidade; descaso dos empresários ou franqueados locais; relaxo dos empreendedores de fora achando que aqui é permitido fazer o que quiserem; autorizações e licenças sem solidez e transparência; falta de entendimento entre os órgãos encarregados de fornecê-las e os que fiscalizam na sequência.
Ou, no limite, enterraram a cabeça de um burro por aqui, procedimento sabidamente causador de recorrentes desgostos e graves mazelas.
RENATO DE PAIVA PEREIRA é empresário e escritor em Cuiabá.
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