MARCIO CAMILO
DA REDAÇÃO
A família do técnico em T.I., Waldemiro de Arruda, de 43 anos, registrou boletim de ocorrência na Polícia Civil, por restrição de direito contra o engenheiro agrônomo Gilberto Bello, que estaria impedindo os avós paternos de ter contato com os netos; uma menina de nove e um menino de 12 anos.
Uma disputa judicial envolve a guarda das crianças, há quase cinco anos, depois que a ex-mulher de Waldemiro, Solange Fátima Willer, 33 anos, que teve um caso com Gilberto, foi assassinada a tiros em frente à Prefeitura de Lucas do Rio Verde (354 km de Cuiabá), em junho 2014. Waldemiro foi apontado pela Polícia Civil como o único suspeito do crime, mas o inquérito possui provas e laudos inconsistentes e o caso segue cercado de ministérios e longe de uma solução definitiva. "Até hoje, 5 anos após o crime, não foi oferecida denúncia alguma contra ele", diz a advogada Joana Moro.
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No boletim de ocorrência é relatado que desde 2016 a avó paterna das crianças, Nilse Pinto de Arruda tenta falar com os netos, porém sendo impedida constantemente por Gilberto, que atualmente está com a guarda provisória das crianças e reside na cidade de Matupá (a 695 km de Cuiabá). A última tentativa de contato ocorreu no dia 26 de março, quando Nilse falou por poucos minutos com a neta.
No entanto, ela disse no boletim ocorrência, que a voz da criança estava estranha, e que ela dava apenas respostas monossilábicas, como que se estivesse sendo coagida por alguém de alguma forma.
No documento, a avó destaca ainda que teme que a neta esteja sendo mal tratada por Gilberto, “já que existe um processo de alienação parental”.
A advogada de Waldemiro, Joana Moro, também lembrou de uma conversa por telefone celular entre a mãe de seu cliente e o engenheiro agrônomo.
No diálogo, Joana afirma que Gilberto confundiu Nilse como sendo a mãe de Solange. Na oportunidade, segundo a advogada, ele teria dito que as crianças não iriam falar com ela, já que Nilse estaria protegendo "o cara que matou a filha dela", no caso, Solange.
No processo judicial, Gilberto conseguiu comprovar que é pai do menino de 12 anos, por meio de um exame de DNA. Mas Joana destacou que um novo exame está sendo feito e que, independente do resultado, Waldemiro se considera pai das duas crianças, por tê-las criado desde o nascimento. O casal havia se separado e Solange voltou para casa grávida e disse que Waldemiro era o pai.
Atualmente Waldemiro e sua família moram no Estado do Paraná.
Entenda
Depois que a esposa foi assassinada, os filhos de Waldemiro foram entregues a Gilberto, o pai biológico do menino.
Ele conseguiu ficar com a guarda das crianças – que na época tinham 8 e 4 anos – depois de um laudo da assistência social apontar que Waldemiro sofria de transtorno de personalidade.
Mas segundo a advogada de Waldemiro, o laudo foi feito sem a profissional conhecer ou sequer ter entrevistado seu cliente.
Em relação ao assassinato da esposa, Waldemiro prestou depoimento à Polícia Civil e disse que a mulher foi morta a tiros por dois homens que estavam em uma moto.
Ele afirmou que o caso se tratou de um latrocínio, já que os bandidos teriam anunciado o assalto, mas Solange correu dos bandidos enquanto ele protegia as crianças. Os motoqueiros fizeram vários disparos atingindo cinco tiros nas costas da vítima.
Outro lado
Gilberto nega a restrição das visitas. No entanto pondera que os encontros dependem de uma ordem judicial.
Acrescenta que a Justiça permitindo não haveria nenhum problema de Waldemiro ou mãe dele em visitar as crianças.
“Que eu sabia é a Justiça que determina se pode ou não pode. Eu não digo nada, nem que sim, nem que não. Tanto é que eles já visitaram durante mais de anos as crianças. Mas isso é feito via fórum”.
Reforçou que a autorização judicial é necessária devido à complexidade do caso. “É um processo complicado, que não à toa está em segredo de Justiça. Ele [Waldemiro] é suspeito de um assassinato. Então existe toda uma situação e as visitas têm que ser feitas com regras de horário e acompanhamento psicológico”, disse. “Mediante as regras é obvio que as crianças vão lá (Paraná) para ter as visitações com os parentes”, acrescentou.
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